
Editorial
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O Preço do Silêncio em Eliseu Martins
Um alerta à população sobre os grilhões dourados da dependência
Eliseu Martins, outrora terra de potencial e promessas, definha a olhos vistos. O censo não mente: nossas ruas estão ficando mais vazias, nossas casas, mais silenciosas. O futuro, que deveria ser construído para nossos filhos, parece ser negociado em troca de migalhas e aplausos efêmeros. É tempo de uma pergunta dolorosa, mas necessária: a quem realmente servimos?
Uma estrutura de poder minuciosamente articulada se consolidou entre nós. No topo, uma família concentra não apenas a riqueza, mas o próprio controle sobre o destino da cidade. Seu instrumento de domínio é um prefeito que, respaldado por uma maioria de vereadores submissos, age não como um gestor público, mas como um ditador municipal. Leis são ignoradas, regras são inventadas e a vontade de um homem se sobrepõe à vontade do povo e à Constituição que deveria proteger a todos.
O mecanismo de perpetuação desse sistema é antigo e cruel. Ele não se sustenta apenas pela força, mas pela conivência comprada. Cria-se um exército de "puxa-sacos", os soldados leais, que vestem a camisa de um projeto que os oprime. Em troca de elogios vazios, de um cargo comissionado que mais humilha do que dignifica, ou de uma vaga na fila do auxílio, esses homens e mulheres são recrutados para a mais trágica das missões: defender os interesses de quem os mantém na miséria.
E a esmola? Chega em forma de churrascos regados a bebida e fogos de artifício. São ofertas ruidosas e vazias, bancadas com o próprio dinheiro do povo, desviado dos cofres públicos sucateados. Enquanto a saúde definha, a educação não avança e as estradas se esfacelam, nos é oferecido pão e circo. E o pior: muitos aceitam, baixando a cabeça em agradecimento, sem perceber que estão comendo migalhas do próprio banquete que lhes foi roubado.
O alerta que fica é para aquele que se vê nessa descrição. Para o cidadão que, na ânsia de agradar o "chefe", defende com unhas e dentes um sistema que nega um hospital digno para seu filho, uma escola de qualidade para sua neta e um emprego que não dependa da carteira de indicações do palácio.
Até quando vamos sacrificar a vida de nossas famílias para defender os donos dos grilhões que nos prendem?
A verdadeira liberdade começa com a recusa das migalhas. Começa com o voto consciente, com a cobrança nas redes sociais e nas sessões da câmara, e, principalmente, com a quebra do medo. Eliseu Martins pode e deve ser maior do que um homem ou uma família. Que possamos olhar para nossa despensa vazia e entender de uma vez: quem nos dá esmola com uma mão, com a outra, está trancando a porta do celeiro.
A resistência começa com uma pergunta: Em que Eliseu Martins você realmente quer viver?
BoraEliseu15 - Laura Prado (I.A.)