Ausências e Críticas Marcam Sessão de Retorno da Câmara de Eliseu Martins

O retorno das atividades legislativas da Câmara Municipal de Eliseu Martins, nesta quinta-feira, 28 de agosto, após o recesso, foi marcado por ausências notáveis, críticas contundentes da oposição e uma postura defensiva e pouco explicativa por parte da situação. Dois vereadores da base do prefeito, Ricardo do Dé e Ricardo Estrela, não compareceram à sessão de abertura do segundo semestre, sem que qualquer justificativa fosse apresentada ao plenário.
O tom da oposição foi de fiscalização rigorosa e cobrança. A vereadora Gabriela Torquato fez duras críticas à condução dos recentes festejos de São Bartolomeu. Ela destacou a deturpação do real sentido da festa, que é religiosa e em homenagem ao padroeiro da cidade. "A Prefeitura trata como se fosse uma festa 'dela', um evento meramente secular, ignorando sua essência católica e comunitária", afirmou a parlamentar. Ela ainda cobrou a presença mínima dos vereadores na missa em ação de graças pelos legisladores, da qual só participaram quatro dos nove edis, e levou ao plenário o problema crônico de abastecimento de água no Bairro Bela Vista, sem receber uma resposta concreta.
A vereadora Risolene Borges também focou sua fala nos festejos, mas para rebater a narrativa oficial. Criticou o uso insistente da palavra "resgatar" pelo prefeito e pelo presidente da Câmara. "Sempre houve festejos. É um equívoco dizer que resgataram algo que nunca deixou de existir. Inclusive, o ano passado foi um dos maiores que tivemos", contestou Risolene, questionando a apropriação política do evento tradicional.
Completando o trio da oposição, o vereador Rildo Junior expressou estranheza com as ausências dos colegas da situação e reafirmou seu compromisso com uma fiscalização imparcial. Em um ponto crucial para a transparência, ele pediu que os comentários das transmissões ao vivo das sessões fossem desbloqueados, permitindo maior interação da população. O presidente da Câmara, no entanto, agiu de forma contrária ao debate democrático. Em um tom ditatorial, afirmou que vai "continuar a bloquear os comentários das lives pois os acha irresponsáveis" e encerrou o assunto com um "não vai conceder e ponto", negando o direito à manifestação popular virtual.
Enquanto a oposição cobrava, a situação se dedicou a elogios vagos e defensivas frágeis. O vereador Idelson discursou sobre o "resgate" dos festejos, elogiando o prefeito e os secretários Fogoió e Márcio Dantas por terem acabado com uma suposta "decadência". Aproveitou para aprovar pedidos de providência, como reparos em estradas, mas sem detalhar prazos ou orçamentos.
O vereador Alípio Junior resumiu sua fala em parabenizar o prefeito e os organizadores pelas "belas festas". No entanto, mostrou-se incomodado com a democracia: criticou veementemente as vaias organizadas pelo grupo das "Beldades" durante os discursos de autoridades, tratando a manifestação legítima do público como um desrespeito inaceitável. O presidente da Câmara ecoou o coro de elitismo, exclamando: "você vaiar o prefeito... vaiar um deputado... meu Deus....", como se as autoridades estivessem acima de qualquer crítica pública.
A crítica da vereadora Gabriela ao secretário Márcio Dantas foi direta: "abuso de autoridade" por criar regras em cima da hora e impedir a participação do grupo "Beldades" no concurso de comitivas, além de criticar a falta de modalidades esportivas tradicionais como ciclismo e atletismo. Os vereadores da situação, mais uma vez, limitaram-se a defender genericamente a organização, sem se dignarem a explicar as razões concretas para as mudanças arbitrárias.
Os demais vereadores governistas, João Luis Dias e Raimundo do Nero, seguiram o roteiro de elogios rasgados à administração municipal, repetindo os agradecimentos pelas festas e parabenizando o senhor Joaquim Saraiva pela outorga do título de cidadão. Chamou a atenção, porém, a omissão generalizada: em nenhum momento os vereadores da situação lembraram-se de parabenizar ou agradecer à Igreja, entidade histórica e principal responsável pela realização dos festejos em honra a São Bartolomeu. O reconhecimento foi dirigido exclusivamente ao prefeito e seus secretários, em um claro movimento de apropriação política de uma tradição religiosa centenária.
A sessão, que deveria marcar o reinício dos trabalhos com propostas e soluções, se encerrou com o mesmo tom com que transcorreu: a oposição cobrando transparência e ações, e a situação, fechada em seu grupo, preferindo o elogio vazio ao debate substantivo, enquanto ignora ausências inexplicáveis de seus pares e trata a crítica popular como um incômodo a ser silenciado.
A sessão foi transmitida ao vivo no canal do Dj Magnata.