Gestão "Eliseu Martins PODE MAIS" mantém parentes do alto escalão e até defunto no Bolsa Família; 58 famílias necessitadas foram cortadas"

18/08/2025

Enquanto prefeitura exclui beneficiários legítimos, nomes ligados ao governo municipal e até um falecido seguem recebendo auxílio. Nepotismo e fraude sob investigação.

Em meio a cortes no programa Bolsa Família que atingiram 58 famílias vulneráveis no município de Eliseu Martins - PI, a gestão do prefeito Marcos Aurélio e da secretária de Assistência Social, Rossana Guimarães (sua esposa), mantém benefícios irregulares — incluindo parentes de assessores diretos e, pasmem, um homem que já morreu.

Dados do Portal da Transparência mostram que, de janeiro a julho de 2025, o número de beneficiários caiu de 931 para 873, e o valor total repassado diminuiu em R$ 33 mil. Enquanto o governo federal atribui a redução ao aumento de empregos formais, a realidade no município é outra: nenhuma vaga com carteira assinada foi criada, deixando as famílias excluídas sem renda e sem alternativa.

O Defunto que Continua Recebendo

Um dos casos mais chocantes é o do beneficiário O. de S. D. (NIS 1.664.786.469-*), que faleceu em abril de 2025, mas segue recebendo R$ 600 por mês do Bolsa Família. O cadastro não foi atualizado, levantando suspeitas de fraude ou negligência criminosa.

A informação está disponível no Portal da Transparência do Governo Federal nesse link AQUI.

O.D.S. faleceu em abril de 2025, mas ainda continua aparecendo como beneficiário no município
O.D.S. faleceu em abril de 2025, mas ainda continua aparecendo como beneficiário no município

Atualização (18/07/2025, 13:40h): Em resposta ao caso, a irmã do falecido, L.P.S., afirmou via Instagram que a família cumpriu todos os trâmites legais, incluindo a entrega da Certidão de Óbito na Secretaria responsável em apenas 2 dias após o falecimento. A declaração reforça as suspeitas de falha ou má-fé por parte da gestão municipal, que manteve os repasses mesmo com a documentação regularizada.

Nepotismo na Lista

Além disso, investigações apontam que parentes de assessores do prefeito e integrantes do alto escalão municipal ainda figuram como beneficiários, enquanto pessoas em situação de pobreza extrema tiveram seus direitos cortados.

A lista completa com os beneficiários de janeiro a julho de 2025 foi disponibilizada pelo nosso portal e está disponível AQUI.

A gestão municipal tem obrigação de explicar mudanças que impactam diretamente a vida das famílias mais vulneráveis, mas o que se vê é um desmonte silencioso do Bolsa Família no município. A gestão não explica quais os critérios usados para os cortes nem justifica a manutenção dos benefícios irregulares. A falta de transparência reforça suspeitas de desvio de recursos públicos.

Moradores e lideranças políticas exigem ação imediataAuditoria federal no cadastro do Bolsa Família no município; Cassação dos benefícios irregulares e reparação às famílias injustiçadas e Responsabilização dos envolvidos em possível fraude.

"Isso é um escândalo. Enquanto gente passa fome, quem está no poder usa o dinheiro dos pobres para beneficiar seus aliados e até um morto!", denuncia um carente que teve seu benefício cortado recentemente.

A Lei diz que manter cadastros irregulares no Bolsa Família pode configurar crime de peculato (desvio de verba pública) e fraude a programa social, com penas que incluem multas e prisão. 

📌 Fontes:

#BolsaFamilia #Fraude #EliseuMartins #Justiça #Denuncie #DisqueSocial_121


Atualização: 19/08/2025 - 10:00h

Consultamos um especialista sobre o assunto que nos respondeu:

- Sobre o corte no Bolsa Família, a Prefeitura tem Culpa?

Entenda a Divisão de Responsabilidades: A suspensão do benefício do Bolsa Família gera desespero e uma pergunta imediata nas famílias: "De quem é a culpa?". A resposta não é simples e envolve uma complexa divisão de tarefas entre o Governo Federal e a prefeitura local.

A decisão do corte é sempre federal, baseada em regras técnicas. No entanto, a causa que levou ao corte – como dados desatualizados por falta de acesso ao posto de atendimento ou erro no cadastro – pode, sim, ser uma falha da gestão municipal em cumprir seu papel de gestora do CadÚnico e ponte entre o cidadão e o programa. A culpa da prefeitura, portanto, não é pela decisão, mas pela omissão em fazer a coleta, gestão e suporte dos dados que são o alicerce de todo o sistema.

- E sobre o caso do beneficiário falecido que continua recebendo?

Já esse caso específico que você trouxe de Eliseu Martins-PI é gravíssimo e ilustra perfeitamente uma falha crítica na gestão municipal do Cadastro Único. É um exemplo claro de onde a responsabilidade (ou "culpa") da prefeitura é direta e incontestável.

Vamos por partes:

A Falha é Primariamente Municipal, senão vejamos:

  • Obrigação da Prefeitura: Cabe exclusivamente à prefeitura, por meio da sua Secretaria de Assistência Social (CRAS), atualizar os dados do Cadastro Único perante qualquer mudança no núcleo familiar, incluindo o óbito de um de seus membros, e principalmente do titular do benefício.

  • Processo Negligenciado: Quando uma pessoa beneficiária falece, a família deve comunicar o óbito ao CRAS para que os dados sejam atualizados imediatamente. Cabe ao poder público municipal ter canais acessíveis para esse comunicado e agir com presteza. Manter um benefício ativo para uma pessoa falecida por quatro meses (de abril a julho) indica uma falha sistêmica grave:

    • Falha na comunicação com cartórios para obter informações sobre óbitos de famílias cadastradas (um processo que muitas prefeituras eficientes adotam).

    • Falha dos técnicos do CRAS em não realizar a atualização cadastral periódica ou ao tomar conhecimento do fato.

    • Possível falha na gestão da equipe, sobrecarregada ou despreparada.

As Consequências Imediatas são:

  • Desvio de Recurso Público: O valor de R$ 600,00 mensais que continuou a ser depositado é um dinheiro público que estava sendo desviado. Quem quer que estivesse com o cartão e a senha poderia estar recebendo indevidamente - resta saber se houve ou não o saque.

  • Prejuízo ao Município: Esse tipo de erro gera irregularidade contábil. Quando o governo federal auditar o programa, identificará o pagamento indevido e caso não encontre esse valor na conta depositada, poderá cobrar o valor de volta do ente responsável pela imprecisão dos dados, que é o município. Ou seja, no final, o prejuízo pode recair sobre os cofres públicos municipais.

  • Injustiça com Outras Famílias: Enquanto um benefício pode está sendo usufruído indevidamente, outras famílias em situação de vulnerabilidade real podem estar na fila de espera, sem receber o auxílio.

O papel do Governo Federal:

  • O governo federal (Caixa Econômica) faz o pagamento com base nas informações que constam no sistema. Se o sistema, de responsabilidade municipal, informa que a pessoa está viva, o pagamento continua.

  • Eventualmente, o federal pode cruzar dados com o registro de óbitos e bloquear o benefício, mas isso não isenta a prefeitura de sua obrigação primária de manter o cadastro atualizado. A falha inicial é municipal.

Alguns cenários são possíveis nesses casos específicos. Aqui, citaremos alguns e a e a responsabilidade da  Prefeitura quando ocorrem:

  1. O cenário mais comum é a Negligência, já inicialmente descartada, haja visto a comunicação de um familiar que diz ter entregue a Certidão de Óbito 2 dias após o falecimento do beneficiário, mas vamos à hipótese: Esse caso acontece quando a família não comunica o óbito ao CRAS por desconhecimento ou dificuldade de acesso, e a prefeitura não fez nenhuma ação proativa para verificar a situação (como visitas periódicas ou cruzamento de dados com o cartório). FALHA DA PREFEITURA em comunicar e facilitar o acesso à atualização.

  2. Cenário de Má-Fé (Fraude): Alguém da família ou um terceiro, de posse do cartão e da senha, manteve o óbito em segredo para continuar sacando o benefício (hipótese inicialmente descartada, pela afirmação da familiar). Quando isso ocorre. FALHA DA PREFEITURA por não ter mecanismos de controle e verificação que impedissem isso por quatro meses.

  3. Cenário de Erro Operacional: O óbito foi comunicado, mas o servidor responsável não atualizou o sistema. FALHA DA PREFEITURA por falha na gestão interna e supervisão de seus próprios processos.

Imediatamente após o óbito, o benefício deveria ter sido bloqueado para saque e, posteriormente, cancelado. Se houvesse outros membros da família que ainda se enquadrassem nos critérios do programa, o título do benefício poderia ser transferido para outro adulto da família, mas os valores e o cadastro seriam reavaliados.

O caso de Eliseu Martins não é apenas um "erro". É um sintoma de uma gestão municipal falha ou negligente do Cadastro Único. Ele expõe como a falta de fiscalização e atualização por parte da prefeitura pode levar a desvios de recursos públicos que deveriam amparar os mais vulneráveis. Enquanto a decisão de pagar é federal, a informação que baseia essa decisão é de responsabilidade local. Neste caso, a prefeitura falhou em sua obrigação mais básica: manter um cadastro confiável e verdadeiro.

I.A - Laura Prado