Sessão Apática e com Troca de Acusações Marca Trabalho Legislativo Municipal

A Câmara Municipal de Eliseu Martins viveu mais uma sessão ordinária de baixo rendimento e marcada por ausências inexplicáveis nesta sexta-feira, 29 de agosto. O clima de desleixo prevaleceu desde a abertura, com os vereadores Ricardo Estrela e Raimundo do Nero faltando sem qualquer justificativa formal, um padrão que começa a se tornar recorrente e que compromete o quórum e a representatividade do legislativo.
A sessão começou com um tom de picuinha interna. O vereador Idelson Costa (situação) iniciou os trabalhos não com um debate de interesse público, mas com uma cobrança direta e hostil à vereadora Risolene Borges (oposição), reclamando que ela aprova as atas mas não as assina. "Vou tomar as medidas cabíveis", ameaçou Idelson, em vez de buscar um diálogo construtivo. A vereadora Risolene rebateu com base no regimento interno, afirmando que não há obrigatoriedade de assinar e que, se a regra foi alterada, não foi comunicada. "Se houve alteração, me prontifico a assinar", respondeu, defendendo-se de uma acusação que soou mais como perseguição do que como fiscalização.
O único tema de relevância que conseguiu ganhar espaço foi a cobrança por um concurso público, uma demanda antiga da população. Os vereadores Rildo Junior e Gabriela Torquato (oposição) relataram ter ido ao Ministério Público para pressionar pela realização do certame, uma vez que o município está há mais de 15 anos sem um concurso, gerando um déficit crônico de servidores em diversas áreas. A vereadora Risolene foi enfática: "Há urgência no preenchimento de inúmeras vagas".
Curiosamente, até vereadores da base do prefeito, como Ricardo do Dé, João Luis Dias e Alípio Junior, manifestaram apoio à causa. No entanto, a justificativa da situação, repetida exaustivamente por Idelson, foi a de que a questão "já está na LDO" (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e que "cabe ao poder executivo cumprir". Uma resposta vaga que tenta transferir a responsabilidade e esvaziar a função fiscalizadora da Câmara, que deveria cobrar prazos e ações concretas.
O momento mais tenso veio com o desabafo do vereador Ricardo do Dé. Após cobrar a recuperação da estrada da beira do rio, ele partiu para um recado direto e cheio de indiretas para seus próprios aliados. Reclamou de ser alvo de fofocas e disse que "anda falando que ele 'tá morto'". "Respeito a todos, mas não tenho medo. Na próxima, se continuarem, vou citar nomes", avisou, em um claro sinal de rachadura na base governista. Ele também questionou a hipocrisia nas cobranças por faltas, já que ele é frequentemente cobrado, mas outros não.
A resposta do Presidente Idelson ao drama foi evasiva e autoritária. "Não vou questionar as faltas", disse. Ele ainda tentou encerrar o assunto com um "Vamos cuidar da cidade!", mas em seguida agiu como um ditador no plenário: pediu que não fosse interrompido e afirmou que só concederia a palavra quando quisesse, mostrando total desrespeito ao debate democrático.
A sessão seguiu apática, com vereadores da situação como João Luis Dias e Alípio Junior fazendo saudações genéricas e convites para visitas à UBS reformada, mas sem apresentar nenhuma proposta legislativa concreta ou de fiscalização. Idelson encerrou a sessão com informações sobre processos no Tribunal de Contas do Estado, um tema importante, mas que foi tratado como uma nota de rodapé, sem permitir questionamentos ou aprofundamento.
No final, a população de Eliseu Martins foi a grande prejudicada. Mais uma sessão se esvaiu em discussões vazias, acusações pessoais e uma completa falta de foco nos problemas urgentes do município. A oposição tenta cobrar ações, mas esbarra em uma situação desunida, apática e mais interessada em controlar o plenário do que em legislar.